Danielle Mendes da Costa e Mariane Godoy da Costa Leal Ferreira

DISCUTIR GÊNERO NO CONTEÚDO DE HISTÓRIA MEDIEVAL: ALGUMAS POSSIBILIDADES DE REFLEXÃO A PARTIR DO JOGO “HAGIOGRAFANDO”


Considerando a relevância da Idade Média no currículo escolar – para a formação da cidadania – e a necessidade de discutir gênero em sala de aula – como meio de combater preconceitos e discriminações –, esta comunicação tem por objetivo apresentar o “Hagiografando”. O jogo educativo elaborado no âmbito do Programa de Estudos Medievais (PEM-UFRJ) em um Projeto financiado pela FAPERJ. Empregando a categoria de gênero (SCOTT, 1992), a atividade evidencia a distinção dos papéis e dos modelos de conduta entre os santos e as santas descritos nas Hagiografias. Assim, ao propor a criação de narrativas a partir destes elementos, a atividade contribui para a compreensão de que o gênero é uma construção histórico-cultural, das relações sociais baseadas nas diferenças sexuais.

A fim de abordarmos as potencialidades do “Hagiografando” optamos por dividir este artigo em duas partes. Na primeira teceremos algumas considerações sobre o Projeto e os pressupostos teóricos que fundamentam esta proposta didática. Na segunda parte apresentaremos o processo de desenvolvimento do jogo, por meio dos elementos que nortearam sua elaboração.

Santidade, Memória e Gênero: as origens do “Hagiografando” no Ensino de História
O jogo “Hagiografando” está inserido no Projeto “A construção medieval da memória de santos venerados na cidade do Rio de Janeiro: uma análise a partir da categoria gênero”. A iniciativa financiada pela FAPERJ e coordenada, desde 2015, pela Profª Drª Andréia Cristina L. Frazão da Silva – Professora Titular do Instituto de História da UFRJ e co-coordenadora do PEM/UFRJ – foi realizada em conjunto com o projeto “Hagiografia e História: um estudo Comparativo da Santidade”, que reúne há quase duas décadas professores(as) e alunos(as) de graduação e pós-graduação. Dentre os principais objetivos deste empreendimento coletivo, que articula pesquisa, ensino e extensão, destacam-se a análise das hagiografias – relatos das vidas de santos e santas – na contribuição para a consolidação das memórias de santidade; a identificação e a articulação do gênero nas narrativas selecionadas; propor estratégias didáticas para o ensino e, a divulgação acadêmica dos temas associados à Idade Média e aos saberes de gênero, a partir das memórias relacionadas aos santos e as santas (SILVA, 2016).

Como pressupostos teóricos foram adotados a noção histórica de santidade, e, de memória como uma construção realizada no presente apoiada em experiências do passado. A análise sob a emprego da categoria gênero seguiu as formulações de Joan Scott (1992), que definiu e teorizou este conceito a partir de dois enunciados: “[...] (1) o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos e (2) o gênero é uma forma primária de dar significado às relações de poder.” (SCOTT, 1995, p.85).

Conforme sublinhado por Silva (2016) a definição de gênero como um saber sobre as diferenças, proposta no primeiro enunciado, enfatiza a proposição de Michel Foucault acerca do termo saber, como uma “[...] compreensão sobre a organização social, que não é objetiva nem neutra, pois é estabelecida historicamente e em meio às relações de poder.” (SILVA, 2016, p. 40). Desta maneira, Scott apontou quatro elementos interrelacionados, cuja a compreensão de seus movimentos é fundamental na pesquisa histórica: os símbolos, os conceitos normativos, a concepção política e a referência às instituições e organizações sociais, e, a “identidade objetiva”, que permite o exame da construção das identidades generificadas, relacionando as organizações e as representações sociais do contexto histórico específico.

A teorização da categoria foi desenvolvida a partir do segundo enunciado que, de acordo com Scott, corresponde a afirmação do gênero como “um campo primário no interior do qual, ou por meio do qual, o poder é articulado.” (SCOTT, 1995, p. 88). A noção de poder empregado pela historiadora, mais uma vez, se aproxima da proposta de Foucault, na qual o poder é compreendido como discursos constituídos nas relações de forças, distribuídas nas relações desiguais. Logo, Scott enfatiza que o gênero historicamente tornou-se uma forma recorrente de garantir a “[...] significação do poder”. Assim, na interpretação de Silva “o gênero é um saber no qual e por meio do qual são constituídas estratégias para diferenciar, disciplinar, submeter, dominar, reprimir, negociar e legitimar as pessoas, utilizando-se de discursos sobre a diferença sexual.” (SILVA, 2016, p. 40).

Apoiando-se nestas premissas foram selecionados para análise os relatos hagiográficos de três santas – St. Clara, St. Maria e St. Luzia– e oito santos – S. Francisco, St. Antônio, S. Pedro Gonçalves, S. Jorge, S. Sebastião, S. João e S. Cosme e S. Damião – compostos no século XIII e encontrados, em sua maioria, na “Legenda Áurea”. Deste modo, o Projeto denotou que o reconhecimento de um homem ou uma mulher dignos de culto estavam articulados às relações de poder, bem como aos saberes que suscitaram a promoção de sua memória por um grupo ou instituição.

Nesse sentido, compreendendo que os relatos sobre as vidas dos(as) santos(as) se constituíram como uma das estratégias utilizadas pelos mendicantes, para inculcar ensinamentos à comunidade cristã, as análises denotam que o gênero também atravessa e constitui as memórias, mesmo que não as determine. Deste modo, ao analisar a vita de St. Luzia, por exemplo, Silva (2017) sublinhou que as características relacionadas à santa, tais como a virgindade, a castidade e a pobreza, estavam em consonância com os modelos de religiosidade feminina concebida pelos dominicanos. Em vista disso, embora o texto remeta à um acontecimento do século III, o relato apresenta um modelo de comportamento esperado pelas mulheres vinculadas à ordem, o que também sugere que elas “[...] foram consideradas como potenciais consumidoras diretas desta obra.” (SILVA, 2017, p. 9). Portanto, mesmo que os saberes do gênero não tenham sido determinantes para a produção, eles estão presentes na narrativa. Assim, “[...] além de perpetuar a memória da Santa Luzia e transmitir ensinamentos morais e de fé, também contribuiu para reafirmar e propagar saberes de gênero, ainda que de maneira involuntária” (SILVA, 2017, p. 9).

Considerando que os(as) santos(as) integram a cultura da cidade do Rio de Janeiro, o Projeto defendeu a sua potencialidade didática, uma vez que

“Por meio da desnaturalização e desconstrução dessas memórias, é possível desenvolver estratégias de ensino e de divulgação acadêmica, a fim de abordar aspectos da sociedade medieval e propiciar a análise crítica sobre os saberes que buscam constituir e dar sentido às diferenças sexuais.” (SILVA, 2016, p. 44).

Segundo Adriana María Valobra (2001) uma das principais causas para as investigações acadêmicas não serem incorporadas nas discussões escolares, é a insistência do hábito tradicional em tratar esta questão. Por isso, na maioria das vezes,

  “No se piensa el tema como una parte sustancial de la comprensión histórica y del conocimiento del pasado ni tampoco, como parte de nuestro propio conocimiento como sujeto de ciudadanía (TENTI, 1993), y sólo ha habido algunos aportes concretos a esa temática (ElIZAlDE, FElITTI y QUEIROlO, 2009).” (VALOBRA, 2001, p. 27)

Tal condição também foi exposta recentemente pela pesquisa de Marta de Carvalho Silveira (2017) sobre a representação da mulher medieval nos livros didáticos, que deverão ser utilizados até este ano nas escolas públicas. Após analisar comparativamente alguns destes livros, Silveira concluiu que apesar das obras estarem adequadas às orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) elas não garantem a qualidade da discussão do tema. Além disso, ainda existe uma dificuldade para os(as) autores(as) inserirem o tema da condição feminina no texto base, preferindo tratar a questão em boxes ou atividades de interpretação e de pesquisa. Tal perspectiva demonstra que “[...] as discussões em torno da história das mulheres medievais e das relações de gênero mostram-se ainda embrionárias nos livros didáticos e, em geral, descoladas de uma análise contextual, [...]” (SILVEIRA, 2017, p. 105-106).

Nesse sentido, por não apresentarem elementos que possam identificar as mulheres como sujeitos históricos no contexto medieval, estes livros não propiciam a compreensão histórica das relações de gênero pelos(as) alunos(as). Assim para Silveira, embora a comparação entre as mulheres medievais e contemporâneas seja “[...] um exercício interessante e necessário, no entanto, não é válido para a constituição dos cidadãos brasileiros se for alimentado por noções de vitimização ou de supervalorização do papel feminino.” (SILVEIRA, 2017, p. 106).

Deste modo, o Projeto sobre a construção da memória dos santos venerados no Rio de Janeiro atende uma demanda pelas discussões de gênero no Ensino Básico, especialmente no conteúdo de Idade Média. Para tanto, como sublinhado por Carla Pinsky (2009) é importante que os(as) alunos(as) entendam e utilizem corretamente o conceito de gênero na disciplina de História. Deste modo, o gênero deve ser compreendido, conforme já destacamos, como uma construção histórico cultural das relações sociais, baseadas nas diferenças sexuais.

Enfatizando a importância desta perspectiva, Pinsky apontou três razões para falarmos sobre o gênero na disciplina de História. A primeira está associada a uma das funções principais das aulas de História, isto é, “[...] capacitar os estudantes para perceber a historicidade de concepções, mentalidades, práticas e formas de relações sociais” (PINSKY, 2009, p. 31). A segunda razão é que os alunos assumem um olhar mais crítico “[...] das suas concepções, bem como das regras sociais e as ‘verdades’ apresentadas como absolutas e definitivas” (PINSKY, 2009, p. 32). E, por fim, porque os educandos “[...] também adquirem uma compreensão maior dos limites e possibilidades dos seres históricos [...] pois dentro das determinações históricas também é possível fazer escolhas” (PINSKY, 2009, p.33). 

Procurando estabelecer a articulação entre ensino e pesquisa, e abrir um canal de diálogo e cooperação entre a universidade e a escola, em meados de 2017 teve início terceira fase do Projeto coordenado por Silva. Nesta etapa foram desenvolvidas fichas de atividades didáticas para o Ensino Fundamental II e o Ensino Médio. A conclusão destas fichas culminou na publicação do livro “Atividades para o Ensino Básico”, no final de 2018. Dentre as propostas pedagógicas elaboradas nesta fase, encontra-se o jogo “Hagiografando”. A complexidade desta atividade permitiu a sua autonomia em relação às fichas didáticas, ganhando um novo status no interior do Projeto. A seguir, apresentaremos este jogo educativo inspirado no “Game Of Life” da Hasbro.

A construção do “Hagiografando” 
Ao examinar a função dos jogos no Ensino de História e as potencialidades do seu uso, Nilton M. Pereira e Marcello P. Giacomoni (2013) evidenciaram que no ato de jogar os educandos estão mais próximos da origem dos conceitos, na medida em que estes ganham um aspecto menos abstrato, ao dar forma aos modos de vida. Deste modo, o jogo se constitui como um espaço privilegiado, no qual

“[...] tudo é movimento, mudança, alternância, sucessão, associação, separação. Um espaço para o imprevisível. Mas um imprevisível que forma conceitos, forma uma capacidade de ler tanto realidades muitas vezes distantes no espaço e no tempo, como outras muito próximas da nossa.” (MULLET; GIACOMONI, 2013, p. 19-20)

A partir desta perspectiva, Giacomoni (2013) identificou os principais elementos que devem nortear o processo de criação de jogos pelos(as) professores(as). Nesse sentido, a elaboração do “Hagiografando” seguiu as recomendações sobre a temática, os objetivos, a superfície, a dinâmica, as regras e o layout. Cabe ressaltarmos que na atividade didática em questão, estes elementos não foram concebidos como etapas isoladas. Logo, como assinalado pelo historiador, durante todo o processo alguns aspectos foram correlacionados e constantemente reavaliamos, a fim de alcançarmos os objetivos da proposta. No entanto, haja vista uma apresentação geral acerca da elaboração do “Hagiografando”, preferimos abordar separadamente cada elemento.

Nesse sentido, reconhecendo que a escolha do tema é concebida dentro do período histórico e dos conteúdos planejados, e, considerando as premissas do Projeto sobre a construção da memória dos santos, optamos por criar um jogo para o 1º ano do Ensino Médio. Para tanto, selecionamos os conteúdos programáticos associados à Idade Média, particularmente os aspectos culturais do Ocidente entre os séculos XI-XIII. Deste modo, a atividade contempla os temas: Religião e Religiosidades no Medievo, Relações de Poder e Gênero nas Hagiografias. Esta abordagem permite que os(as) professores(as) explorem em sala de aula a influência do crescimento das cidades e do comércio nas transformações da religiosidade do período, como o surgimento do ideal de vita apostólica e a importância das ordens mendicantes na sociedade medieval.

Segundo Giacomoni a experimentação do jogo deve ser pautada em dois objetivos que, obrigatoriamente, precisam caminhar juntos no processo de criação: os objetivos pedagógicos e os objetivos do jogo. Enquanto o primeiro se relaciona com a atividade que os(as) educadores(as) planejam desenvolver, como a fixação de conceitos ou conteúdos; o segundo se refere à finalidade do conjunto de dinâmicas e regras do jogo. Em relação ao “Hagiografando” foram concebidos dois objetivos pedagógicos: (1) discutir como os gêneros aparecem na vitae dos(as) santos(as), na medida em que propõem modelos de conduta para homens e mulheres; (2) reconhecer a influência dos saberes sobre as diferenças sexuais nos relatos hagiográficos. Já o objetivo do jogo é desenvolver uma narrativa de vida de um(a) santo(a), respeitando os modelos sociorreligiosos construídos pela instituição eclesiástica no medievo.

No tocante a superfície, que consiste na definição do suporte de ação no qual o jogo se desenvolverá, optamos pela produção de cartas com diferentes funções e pontuações. Deste modo, a partir das análises dos relatos sobre a vida dos(as) santos(as) desenvolvemos sete tipos de cartas: Vocação  Religiosa, Origem, Causa da Morte, Virtudes e Milagres em Vida, Ações em Vida,   Milagres e Acontecimentos Pós-Morte, e Cartas de Ação e Bloqueio. Cada carta possui pontuações distintas em relação ao masculino e feminino, observando as posições, as qualidades e as ações valorizadas pelos saberes baseados nas diferenças sexuais nas hagiografias do período estudado.

Considerando, que o “Hagiografando” se inspirou no jogo de cartas “Game Of Life”, algumas regras foram adaptadas para a realização da atividade didática. Entretanto, visando uma aprendizagem significativa, novas regras foram estabelecidas, especialmente as que tratam sobre a preparação e de como vencer o jogo. Assim, por exemplo, algumas cartas são distribuídas entre os(as) participantes antes da primeira rodada.  Além disso, o vencedor(a) é aquele(a) que alcançar o maior número de pontos, respeitando os modelos sociorreligiosos atribuídos aos homens e as mulheres, no período medieval, e um determinado número de tipos de cartas baixadas na mesa, que devem compor a vita do(a) personagem selecionado(a).

Considerando as possibilidades em relação ao tempo e o funcionamento, desenvolvemos uma dinâmica baseada em rodadas, por meio das decisões dos educandos. Nesse sentido, embora o tempo previsto para a realização da atividade sejam 30 minutos, haja vista o total de seis rodadas, em cada uma destas os(as) alunas(as) possuem autonomia para identificar, avaliar, selecionar e comparar as cartas que dispõem. Cabe salientarmos que as tomadas de decisões podem ser efetuadas individualmente ou em comum acordo, visto que o jogo prevê a participação de até 6 pessoas ou grupos.

Reconhecendo que a qualidade do layout é importante na reprodução de ambientação histórica, para conduzir os educandos a outra realidade, as cartas do “Hagiografando” possuem alguns elementos gráficos que remetem ao período medieval. Nesse sentido, utilizamos desenhos de manuscritos, penas e fontes góticas na composição do jogo. Cabe salientarmos que o processo de desenvolvimento do layout sofreu modificações de cores, texturas e tamanhos ao longo de um ano, visando a melhor qualidade das peças para despertar o interesse dos(as) alunos(as) pela proposta pedagógica. 

Por fim, em face do exposto é importante salientarmos que a elaboração do “Hagiografando” expressa o compromisso educativo da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da BNCC. Deste modo, o jogo compreende as habilidades referentes aos conceitos e metodologias deste campo, no qual

  “As operações de identificação, seleção, organização, comparação, análise, interpretação e compreensão de um dado objeto de conhecimento são procedimentos responsáveis pela construção e desconstrução dos significados do que foi selecionado, organizado e conceituado por um determinado sujeito ou grupo social, inserido em um tempo, um lugar e uma circunstância específicos.” (BNCC, 2018, p. 461-462)

Nesse sentido, a proposta pedagógica do “Hagiografando” assegura a autonomia no processo de ensino-aprendizagem dos educandos, contribuindo para o acesso à uma educação que permite o debate plural e a reflexão crítica sobre o mundo.

Considerações finais
Desenvolvido após reflexões e discussões teóricas, historiográficas, pedagógicas e metodológicas, acreditamos que o jogo educativo “Hagiografando”, por meio do reconhecimento das relações de poder e gênero nos relatos das vidas dos santos e das santas, abrange diversas possibilidades didáticas. A principal delas é permitir que os(as) professores(as) possam debater e propor uma reflexão crítica acerca dos modelos sociais construídos sobre a diferença sexual, mas outras discussões podem ser fomentadas. Tal perspectiva decorre da constatação de que, esta prática pedagógica articula dois aspectos importantes relacionados ao Ensino de História e a contemporaneidade. Em primeiro lugar, o reconhecimento do papel das mulheres como sujeitos históricos. Em segundo, a compreensão de que as concepções e as representações são atravessadas por relações de poder, expressas em diferentes instituições, símbolos, práticas sociais, etc.

Conforme apontamos anteriormente, o “Hagiografando” ganhou um novo status no Projeto “A construção medieval da memória de santos venerados na cidade do Rio de Janeiro: uma análise a partir da categoria gênero”. Deste modo, a atividade foi contemplada com o financiamento de sua produção, para que seja distribuído gratuitamente. Com o objetivo de atender as exigências da agência fomentadora, foram promovidos dois eventos em setembro de 2018 a fim de avaliarmos diversos aspectos da proposta.

O primeiro evento foi aula "Hagiografia, Santidade e Gênero ontem e hoje", ministrada pela Profª Dra. Andréia Frazão da Silva, seguida do jogo “Hagiografando”, realizado em uma turma do 1º ano do Ensino Médio de uma Escola Estadual localizada no Centro do Rio. A aula teve por objetivo conversar com os educandos sobre o que são as hagiografias e, os aspectos da santidade dos(as) santos(as) venerados(as) na cidade do Rio de Janeiro, refletindo sobre as relações de gênero na produção destes textos. O segundo foi a Oficina “Hagiografando”, realizado no Instituto de História da UFRJ, que promoveu uma partida e consultou professores(as) do Ensino Básico da Disciplina de História, graduandos e pós-graduandos a fim de diagnosticar a receptividade e, possíveis lacunas na execução da proposta.

Atualmente a produção do jogo encontra-se na fase final de revisão, para a impressão de 100 unidades.

Referências:
Danielle Mendes da Costa é Especialista em Ensino de História (PROPGEC-Colégio Pedro II) e mestranda em História Comparada (UFRJ).

Mariane Godoy da Costa Leal Ferreira é Bacharel e Licenciada em História (UFRJ), e mestranda em História Comparada (UFRJ).

Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: <basenacionalcomum.mec.gov.br/bncc-ensino-medio>. Acesso em: 04 jan 2019.
GIACOMONI, Marcello Paniz; PEREIRA, Nilton Mullet. Flertando com o Caos: os jogos no Ensino de História. In: _____(Org.). Jogos e Ensino de História. Porto Alegre: Evangraf, 2013, p. 10-24.
GIACOMONI, Marcello Paniz. Construindo jogos para o Ensino de História. In: GIACOMONI, Marcello Paniz; PEREIRA, Nilton Mullet (Org.). Jogos e Ensino de História. Porto Alegre: Evangraf, 2013, p. 118-147.
PINSK, Carla B. Gênero. In:______(Org.) Novos temas nas aulas de História. São Paulo: Editora Contexto, 2009, v. 1, p. 29-54.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, 20 (2), p. 71-99, jul/dez, 1995. Disponível em:
SILVA, Andréia Cristina L. Frazão da. O martírio de Luzia de Siracusa na Legenda Áurea: uma leitura a partir da categoria gênero. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO,11.; WOMEN’S WORLDS CONGRESS,13., Florianópolis, 2017. Anais Eletrônicos... Florianópolis: Nome da Instituição, 2017. p. xx-xx. Disponível em: <http://www.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1503876709_ARQUIVO_AndreiaCLFrazaoDaSilva_Texto_completo_MM_FG27Ago17.pdf>
Acesso em 27 mar 2017.
______. A construção medieval da memória de santos venerados na cidade do Rio de Janeiro: reflexões sobre um projeto de pesquisa em andamento. In: Revista Digital Simonsen. Rio de Janeiro, n. 4, Jun., 2016, p. 31-46. Disponível em: <www.simonsen.br/revistasimonsen>. Acesso em: 03 jan 2017.
SILVEIRA, Marta de Carvalho. A representação da mulher medieval nos livros didáticos: uma visão comparativa. Revista de História Comparada, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 80-107, 2017.
VALOBRA, Adriana María. Los Caminos de la historia de las Mujeres y de Género. In: PEDRO, Joana Maria; AREND, Silvia Maria F.; RIAL, Carmen Sílvia de Moraes (org.). Fronteiras de Gênero. Florianópolis: Editora Mulheres, 2011, p. 25-40.


15 comentários:

  1. Bom dia. Sejam bem-vind@s!

    Estaremos acompanhando e respondendo, diariamente, a caixa de comentários.
    Desejamos aos(as) leitorand@s um ótimo evento, repleto de debates e reflexões enriquecedoras.

    Até breve!

    Danielle da Costa e Mariane Godoy

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  2. Danielle e Mariane, parabéns pelo texto e iniciativa! O trabalho que vocês desenvolveram é muito interessante e eu fico particularmente feliz que vocês tenham recebido um financiamento público para tanto. Eu comecei uma iniciativa similar na Universidade de Pernambuco, mas voltada ao desenvolvimento de jogos e recursos digitais. Pensando nisso, vocês tem a intenção de produzir uma versão digital do "hagiografando"? Talvez seja uma saída para evitar o gargalo financeiro da produção do jogo de cartas.

    Renan M. Birro

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    1. Boa noite, Prof. Dr. Renan M. Birro.

      Em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer a oportunidade de apresentarmos o “Hagiogranfado” nesta mesa, cuja temática – Ensino & Medievo – consolida o exercício fundamental para a prática docente, qual seja, a articulação entre ensino e pesquisa. Então, desde já, o nosso muito obrigado.

      De fato, conseguir investimento em pesquisa na área de Ciências Humanas e Sociais, nos tempos atuais está bastante complicado, haja vista, os cortes de verbas. O Hagiografando foi um produto que nasceu dentro do projeto – “A construção medieval da memória de santos venerados na cidade do Rio de Janeiro: uma análise a partir da categoria gênero.” – financiado pela Faperj desde 2015, por meio da Bolsa Cientista do Nosso Estado, concedido à Profª Drª Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva (UFRJ). Portanto, tivemos uma grande oportunidade em desenvolver a atividade na última fase do Projeto.

      Estamos planejando uma nova versão do jogo, um pouco mais complexa, para atender o Ensino Superior, nos cursos de graduação e pós-graduação. A versão digital já tinha sido cogitada no primeiro modelo, mas tendo em vista o prazo de conclusão, não foi possível realizarmos. Para a “versão 2.0” talvez este seja, de fato, o melhor caminho.

      Nesse sentido, seria muito interessante se pudéssemos manter contato com a equipe da Universidade de Pernambuco, a fim de trocarmos algumas ideias e experiências. Ficaremos muito contentes em compartilhar a iniciativa com outros grupos e laboratórios de pesquisa.

      Abraços,

      Danielle da Costa e Mariane Godoy

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  3. Excelente trabalho. Parabéns! Qual foi a receptividade dos alunos em relação a estas "fichas de atividades didáticas"?

    Renata de Jesus Aragão Mendes

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    1. Boa noite, Renata.

      Tudo bem?

      As “fichas didáticas” foram elaboradas ao longo de um ano no âmbito do PEM-UFRJ, por uma equipe composta por graduandos(as), pós-graduandos(as) e doutores(as). Cada uma delas foi desenvolvida a partir das experiências em sala de aula dos(as) colaboradores(as), e foram discutidas e revisadas em encontros mensais.

      Estas “fichas” compõem o livro “Atividades Didáticas para o Ensino Básico”. Como um das metas deste trabalho foi apresentar propostas para motivar os(as) professores(as) a desenvolver seus próprios materiais, elas são apenas sugestões de atividades que podem ser realizadas.

      Deste modo, as “fichas” não foram aplicadas, a fim de obter informações sobre a receptividade dos educandos. Mas, concebidas como referências em discussão historiográfica e práticas pedagógicas, que inspirem ou que possam ser adaptadas segundo a realidade das escolas, e dos objetivos dos docentes.

      Ao todo são dez “Fichas de Atividades Didáticas” baseadas nos estudos acerca das memórias construídas no medievo sobre os(as) santos(as), que foram e ainda são veneradas na cidade do Rio de Janeiro. As atividades possuem, em sua maioria, uma perspectiva interdisciplinar Cada uma contém informações sobre sua elaboração e prática, tais como, as disciplinas que podem ser aplicadas, o tempo de duração, objetivos, bibliografia e sugestões para atividades além da sala de aula.

      As fontes selecionadas são de diversos tipos como trechos de hagiografias, imagens e reportagens. Os conteúdos discutidos também são diferenciados, abrangendo temas como a fundação da cidade e a memória do padroeiro, humanismo e renascimento até pluralidade cultural e religiosa no Brasil. O mesmo vale para as metodologias. Assim, é possível encontrar desde análise textual e de imagem, à jogos simples que podem desenvolvidos a partir de impressão ou, pelo uso do quadro negro/branco.

      A única atividade que foi colocada em prática foi o Hagiografando, pois a sua própria complexidade exigiu uma experiência com os(as) alunos(as).

      Passamos um dia, dois tempos, com duas turmas do 1ª ano do Ensino Médio, em um Colégio Estadual no Centro do Rio de Janeiro. A receptividade foi fantástica.

      Antes de realizar a atividade, a Profª Drª Andréia Frazão ministrou a aula "Hagiografia, Santidade e Gênero ontem e hoje", conversando sobre o que são as hagiografias, os aspectos da santidade dos (as) santos(as) venerados na cidade, refletindo sobre as relações de gênero nas produções de texto. Deste modo, a partir de conhecimentos anteriores e de experiências do cotidianos os(as) alunos(as) debateram sobre o que entendiam por santidade, memória, santos(as), distinção de papeis entre homens e mulheres, entre outros. Quando os educandos compreenderam os conceitos abordados no jogo, iniciamos a atividade.

      Após a explicação das regras, a turma foi dividida em grupos e iniciamos a partida. Os educandos compararam, analisaram e discutiram juntos as estratégias necessárias para vencer ao longo da partida.

      Nas duas turmas, nenhum grupo “baixou” uma carta que não combinasse com a vida do(a) personagem, indicando que compreenderam as construções sociorreligiosas construídas pela instituição eclesial, na Idade Média Central.

      Após essa experiência o jogo sofreu pequenas modificações, quanto o esclarecimento de alguns pontos da regra e no desing das cartas.

      Desde já pedimos desculpas pelo texto longo.

      Esperamos ter respondido a sua pergunta. Qualquer coisa, fique à vontade para fazer outras. Ficaremos felizes em recebê-las.

      Abraços,

      Danielle da Costa e Mariane Godoy

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    2. Olá, meninas! Estou agradecida pela resposta. De fato o trabalho realizado por vocês foi de fôlego. A contribuição de vocês acerca das hagiografias discutidas a partir das questões de gênero foi excepcional. E como também trabalho com questões de gênero no período medieval conectando ao ensino de História, gostaria de saber como os alun@s se posicionaram em relação a questão de gênero, principalmente se tratando de santos, levando em consideração que a imagem sobre as mulheres no período medieval de forma geral, foi distanciada da santidade?

      Renata de Jesus Aragão Mendes

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    3. Boa noite, Renata.
      A sua pergunta é ótima!

      Nós optamos em dividir a resposta em três partes, que dizem respeito à elaboração do Hagiografando, os conteúdos dos livros didáticos e a relação passado-presente da nossa atividade pedagógica.

      Antes de iniciarmos propriamente a confecção do jogo, baseado nas cinco etapas que apresentamos no texto, nós fizemos um levantamento de dados, sobre as principais características dos(as) santos(as) nas hagiografias compostas entre os séculos XI-XIII, especialmente, na Legenda Áurea. Deste modo, conseguimos distinguir quais atributos eram mais valorizados de acordo com o gênero, e a posição da pessoa na instituição eclesiástica.

      Assim, por exemplo, embora as lágrimas fosse um aspecto importante para demonstrar humildade e devoção em ambos os sexos, ele esteve mais presente nas vitae das santas. O mesmo ocorreu em relação à virgindade. Outros aspectos como a pregação e a exortação, cujas fronteiras foi uma questão que a instituição eclesial teve que lidar no período, também aparecem. Neste caso a diferença é latente, pois, enquanto a primeira é destinada exclusivamente aos homens, a segunda é associada a ambos. A este último exemplo, somam-se outros aspectos que traçam os limites dos espaços público e privado no medievo. Deste modo, esta investigação foi fundamental para o desenvolvimento das cartas do Hagiografando.

      Concordamos com você sobre o distanciamento das mulheres no conteúdo medieval. Aliás, como tratamos no texto, este é um problema de abordagem que muitos livros didáticos apresentam. Mas, quando estes, e outros materiais “falam” sobre as mulheres neste período, de certo modo, podemos trazer à tona o tema da santidade. Nesse sentido, um possível caminho seria abordar os modelos de Eva e Maria, concebidos pela igreja às mulheres. Fazer uma lista com os(as) alun@s sobre as características que demarcam as suas diferenças, pode ser uma forma de iniciar um debate sobre a construção de papeis sociais baseados na diferença sexual.

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    4. Nós utilizamos esse tipo de estratégia ao apresentarmos o Hagiografando nas duas turmas de Ensino Médio. Deste modo, pedimos que os educandos enumerassem os santos e as e santas que conheciam. Muitos nomes surgiram, tantas figuras masculinas, como femininas, embora não necessariamente não tivessem vivido na Idade Média. Assim, percebemos que, para eles(as) o fenômeno da santidade engloba ambos os gêneros, portanto, não tivemos problemas com possíveis associações pré-concebidas que afastam as mulheres da santidade.

      Mas, foi durante o jogo que os(as) alun@s perceberam a relevância da categoria gênero, como forma de compreensão das relações de poder. Algumas cartas causaram estranheza, e outras até indignação. Isso ocorreu, por exemplo, quando os grupos que sortearam as vocações religiosas “monja” e “freira” se deram conta que muitas cartas não serviram para suas personagens ou tinham uma pontuação inferior em relação às figuras masculinas. Assim, ao longo da partida foi possível explicarmos, que muitas atividades relacionadas à santidade eram realizadas exclusivamente, ou mais valorizadas em favor dos homens. Portanto, muitos alun@s, inclusive os que se identificam com o gênero masculino, puderam perceber as desvantagens que as mulheres poderiam sofrer na Idade Média.

      Lembramos agora de outro caso interessante. Um dos grupos que sorteou uma carta de vocação religiosa correspondente a uma personagem feminina, desatentamente, baixou a carta “Pregação”, que indica em seu layout indicando que só serviria para personagens masculinos. Pelas regras do jogo, o grupo perderia pontos por ter cometido esse erro e deveria, em sua hagiografia, justificar essa carta na trajetória de vida do personagem. Deste modo, os alun@s escreveram que embora ela tivesse muita vontade de pregar, não poderia fazer isso por ser mulher e, por isso, se dedicava ao cuidado dos pobres e doentes, em referência a outra carta do jogo retirada pelo grupo.

      O relato destas experiências leva-nos ao último ponto que gostaríamos de destacar. Ao relatar a vida de um(a) santo(a) os educandos perceberam que as relações de poder, os papeis e as funções destinados aos personagens foram construídas com base nas diferenças sexuais. Esta perspectiva demonstra que nosso objetivo foi alcançado, à medida que a atividade fomenta o debate sobre a categoria gênero nas análises históricas, e, acima de tudo, contribui para uma reflexão crítica sobre a nossa própria sociedade. Assim, considerando a dicotomia público/privado na relação passado e presente, os educadores e os(as) alun@s podem debater uma série de questões contemporâneas. Uma proposta interessante, por exemplo, seria discutir os lugares da palavra/fala nas sociedades passadas e, qual o impacto disso na participação das mulheres na política atual.

      Enfim, mais uma vez, gostaríamos de agradecer a sua participação, e pedir desculpas pelo texto longo (de novo!). Esperamos ter respondido a sua pergunta

      Abraços,
      Danielle da Costa e Mariane Godoy

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  4. Como fique bastante interessada no trabalho desenvolvido por vocês gostaria de saber se após a revisão do material ele irá ser disponibilizado?
    Renata de Jesus Aragão Mendes

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    1. Boa noite, Renata.

      Os livros desenvolvidos no projeto “A construção medieval da memória de santos venerados [...]” já estão disponíveis para aquisição. Além do Atividades Didáticas para o Ensino Básico também foi lançado, no último dia 26/03 na UFRJ, o Construções de Gênero, Santidade e Memória no Ocidente Medieval, uma coletânea de 17 textos elaborados por participantes da equipe de pesquisa, que apresentam reflexões relacionadas ao tema do projeto com diferentes recortes temáticos, temporais e/ou teórico-metodológicos.

      O jogo “Hagiografando” foi impresso e agora está na fase de montagem. A princípio as 100 unidades serão distribuídas nas escolas públicas.

      Para adquirir os livros e conhecer o jogo, bem como, outras produções bibliográficas elaboradas no âmbito do PEM-UFRJ, entre em contato conosco:

      Programa de Estudos Medievais – UFRJ
      Instituto de História – IH
      Largo São Francisco de Paulo , nº 1 – sala 325-B, Centro.
      Rio de Janeiro – RJ
      Site: www.pem.historia.ufrj.br/
      E-Mail: pem@historia.ufrj.br
      Facebook: www.facebook.com/PemUfrj

      No site, você também pode se cadastrar na lista de discussões para receber via e-mail informações sobre eventos, minicursos e palestras gratuitas, que ocorrem mensalmente. Fique à vontade para fazer-nos uma visita, ou se desejar, enviar um e-mail se tiver qualquer dúvida.

      Abraços,

      Danielle da Costa e Mariane Godoy

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    2. Que ótimo! Certamente irei entrar em contato com vocês. Sem dúvida, é relevantíssimo ter acesso as produções desenvolvidas sobre o período medieval. Espero que esse projeto venha crescer ainda mais - com financiamentos,é claro! - e que novas ideias apareçam para aprimoramento do jogo futuramente.

      Abraços,

      Renata de Jesus Aragão

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  5. Olá! Parabéns pela pesquisa!
    Dentro dos PCN'S existe a proposta de se discutir a questão de gênero (apesar de posta de forma problemática) pautada naquilo que cabe a homens e mulheres. A proposta de vocês é incrível e vai além do que está posto no documento.
    Como essa proposta foi recebida ao ser apresentada nestes eventos? Há possibilidade de uma versão digital?
    Obrigada.
    Att,
    Carla Eduarda Souza dos Santos.

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    1. Boa noite Carla,
      Tudo bem?
      Obrigada pela pergunta.

      No momento, apresentamos o Jogo Hagiografando em dois eventos diferentes (este está sendo o terceiro). O primeiro foi para alun@s da UFRJ e professores do ensino fundamental e médio, enquanto o segundo ocorreu em uma sala de aula de uma escola estadual. Ambas as apresentações ocorreram enquanto o jogo ainda estava sendo formulado, sendo assim aproveitamos os diferentes públicos para perceber o que funcionou e o que não e fazer as reformulações necessárias.

      Nesse primeiro evento, redigimos um formulário para que os participantes emitissem suas opiniões sobre a dinâmica do jogo, o layout, seus objetivos, entre outros elementos, após uma exposição dos bastidores da criação do Hagiografando e seus aspectos teóricos como também possibilitamos o contato direto com as cartas do jogo e a realização de uma partida de estreia. O resultado dessa pesquisa foi bastante esclarecedor e permitiu que aparássemos as arestas.

      Com o jogo já reformulado, levamos ele para a sala de aula. Ele foi apresentado em duas turmas de primeiro ano de um mesmo colégio. Inicialmente foi exposto conceitos, tais como o que é santidade, uma hagiografia, entre outros, e em seguida os alun@s jogaram. Após a partida, os grupos tiraram fotos do resultado e tinham como trabalho valendo nota redigir uma hagiografia de um santo imaginado a partir das informações presentes nas cartas.

      Lendo os trabalhos entregues, percebemos que o resultado foi bastante benéfico pois percebemos que de fato a atividade funciona e dialoga com outros campos, tais como literatura, artes, etc.

      Sobre a possibilidade de uma versão digital, no momento não será possível. Essa versão será apenas física, tendo em vista os prazos de conclusão do projeto. No entanto, estamos planejando um aprimoramento do jogo, com mais elementos para atender alun@s da graduação e da pós-graduação. Para a “versão 2.0” é provável que investiremos em uma versão digital.
      Atenciosamente,
      Danielle da Costa e Mariane Godoy

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  6. Gabriele Gois de Jesus10 de abril de 2019 às 17:14

    Olá, achei muito interessante a proposta, parabens pelo trabalho.
    gostaria de saber se haverá uma versão digital, e se há um outro tipo de jogo que você possa me indicar para trabalhar com essa temática?
    Grata.
    Gabriele Gois de Jesus

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    1. Boa noite, Gabriele.

      Tudo bem?

      Agradecemos o elogia ao nosso trabalho.

      Estamos planejando desenvolver uma nova versão do Hagiografando, um pouco mais complexa, voltada para o Ensino Superior (granduandos e pós-graduandos). Este modelo provavelmente ganhará uma versão digital. Se tudo der certo, no próximo ano ela estará disponível.

      No projeto “A construção medieval da memória de santos venerados na cidade do Rio de Janeiro: uma análise a partir da categoria gênero.”, nós elaboramos outro jogo, "O melhor da Idade Média", disponível no livro “Atividades Didáticas para o Ensino Básico”. Este aborda diversos aspectos do medievo no estilo perguntas e respostas, contemplando aspectos da santidade, mas não trata a questão de gênero. Esta atividade é mais indicada para o 6º ano do Ensino Fundamental II.

      Nós conhecemos outras experiências com jogos elaborados com conteúdos de História medieval, mas nenhum que aborde a perspectiva teórica do gênero. Até onde sabemos o Hagiografando é o primeiro.

      Caso queira obter o livro de Atividades, conhecer o Hagiografando e outras produções do PEM-UFRJ, entre em contato conosco:

      Programa de Estudos Medievais – UFRJ
      Instituto de História – IH
      Largo São Francisco de Paulo , nº 1 – sala 325-B, Centro.
      Rio de Janeiro – RJ
      Site: www.pem.historia.ufrj.br/
      E-Mail: pem@historia.ufrj.br
      Facebook: www.facebook.com/PemUfrj

      As unidades do Hagiografando serão distribuídas em escolas públicas. Qualquer dúvida envie um e-mail para nós. Ficaremos muito felizes em responder.

      Abraços,

      Danielle da Costa e Mariane Godoy


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