Este texto pretende abordar o uso do cinema como meio de acessar
o passado, sobretudo de civilizações que se situam historicamente distantes do
aluno, como é o caso das sociedades medievais. Como aporte teórico,
recorreu-se aos estudos de Vianna (2017), Le Goff (1989), Ferro (1992),
Foucault (2009) e Martin (2001). Assim, propõe-se neste estudo uma reflexão na
qual o cinema é tomado como recurso didático auxiliar no processo de
aprendizagem histórica sobre o Medievo, permitindo ao aluno visualizar de
maneira lúdica e com mais elementos os conteúdos estudados, alinhando,
portanto,sua realidade a sociedades e dilemas pretéritos por meio de um recurso
tecnológico muito presente no cotidiano dos jovens e pedagogicamente
indispensável no contexto educativo atual.
Introdução
Um dos grandes desafios da prática docente de história é
despertar o interesse dos alunos sobre civilizações e povos que se situam
histórica e geograficamente distantes do presente, ou seja, da realidade a qual
o aluno, sobretudo no Brasil, está submerso. Não raras vezes o professor da
educação básica se depara com situações que o cerceiam em seu ofício diário
quando se tem por objetivo trabalhar a história antiga ou a medieval em sala de
aula, seja pelos limitados recursos pedagógicos pelo qual dispõe, seja pelo
número reduzido de materiais produzidos acerca dessa temática, ou, ainda,em
razão do distanciamento existente entre os estudantes brasileiros e as
sociedades antigas e medievais, uma vez que a história do Brasil e da
América assume características específicas, tendo iniciado cronologicamente no
século XVI(na vertente política tradicional), quando já se havia sacramentado a
transição da Medievalidade para a Modernidade na Europa.
Outro complicador para o professor de história é a
necessidade da desconstrução de conceitos históricos hoje ultrapassados, mas
que ainda delimitam o trabalho docente em sala de aula. Referimo-nos as ideias
conceituais que acabam por inviabilizar, em certa medida, uma compreensão
plural e diversa acerca da realidade pretérita, como bem exemplifica Luciano
José Vianna (2017) citando o caso das “invasões bárbaras”, termo já
desconstruído por historiadores contemporâneos. Na mesma direção se apresentam
as barreiras didáticas temporais, isto é, a demarcação cronológica clássica da
história que muitas vezes impede o aluno de perceber as multiplicidades
interpretativas e as perspectivas de continuidades e descontinuidades
históricas.
A partir dessa ótica, este artigo tem como objetivo geral evidenciar
a importância do cinema como recurso auxiliar no processo de
ensino-aprendizagem da História Medieval, na medida em que conduz os discentes
a visualizarem os conteúdos curriculares de maneira lúdica e com maior
concretude. Para tanto, busca-se delinear, em um primeiro momento, sobre o uso
do cinema como meio de acessar esse passado – tão distante do aluno, mas
enobrecedor tanto do ponto de vista pedagógico, quanto do prisma
historiográfico. Na sequência do texto, pretende-se abordar o ensino de história
medieval, suas vicissitudes e práticas, os caminhos a serem seguidos e as
formas de trabalhar com essa temática em sala de aula de modo a conduzir o
aluno a um cenário de reflexão e a estabelecer contato com o mundo feudal.Como aporte
teórico, recorreu-se aos estudos de Vianna (2017), Le Goff (1989), Ferro (1992),
Foucault (2009) e Martin (2001).
O cinema como meio de acessar o
passado
Para Martin (2001), o caráter
tangível e intangível do cinema consegue criar mecanismos de “cristalização do
tempo”, não apenas como um suporte de documento histórico, mas um arquivo vivo.
O tempo materializado no filme faz recordar e reviver o tempo passado, a
característica subjetiva do cinema revela os afetos humanos, o passado é
desenterrado, o cinema não deixa esquecer.
O cinema como instrumento sensível que toma como
representação um dado histórico, ainda que tenha seus problemas como a
romantização e os anacronismos de determinados contextos históricos, pode
suscitar investigações que por vezes não são visíveis na história oficial. Para
Marc Ferro (1992), o cinema pode ser o ponto de partida para a confrontação de
dados históricos, e é nesta representação de fatos históricos, às vezes“fantasiosos”,
que também se desvela o invisível da história tradicional, o que o autor chama
de contra-história. É sobre esta contra-história que Michel Foucault traz
estudos significativos para o campo da história, como as disputas da memória
histórica que são recorrentemente apagadas na coletividade. De acordo com
Foucault (2009), os filmes ensinam aquilo que “se deve” lembrar. O cinema
proporciona isto de “selecionar” memórias para não cair no esquecimento. O
espaço para dar voz à memória dentro do cinema funciona como peças que ora se
encaixam, ora se excluem, porém existe uma luta pela lembrança e uma luta pelo
apagamento: “Há a vontade de estereotipar, de estrangular o que chamei de
“memória popular”, e também de propor, de impor às pessoas uma chave de
interpretação do presente” (FOUCAULT, 2009, p.341).
Para Marc Ferro, o cinema foi/é um dos instrumentos de
legitimação da ideologia dominante, pois “[...] desde que o cinema se tornou
uma arte, seus pioneiros passaram a intervir na história com filmes,
documentários ou de ficção, que, desde sua origem, sob a aparência de representação,
doutrinam, glorificam” (FERRO, 1992, p. 13).
Neste sentido, quando da aplicação do cinema com fins
didáticos para a aprendizagem em história, tem-se a necessidade de situar o
filme no tempo-espaço e levar em consideração o tipo de produção
cinematográfica e seus objetivos, entender o contexto de produção das obras e
perceber o que há de verossímil e o que foge ou até deturpa um acontecimento
histórico.
Se, por um lado, o cinema não escapa da “espetacularização”
dos fatos e há um conjunto de obras cinematográficas cujo objetivo é a
legitimação e padronização da ideologia dominante, por outro, o cinema também é
campo rico para a compreensão histórica a partir de outros pontos de vista,
senão o vigente em dado tempo-espaço. Neste interesse, Ferro (1992) também nos
lembra do cinema que propõe uma visão de contrapoder:
“[...] esses cineastas, conscientemente ou não, estão cada um a serviço de uma causa, de uma ideologia, explicitamente ou sem colocar abertamente as questões. Entretanto, isso não exclui o fato de que haja entre eles resistência e duros combates em defesa de suas próprias ideias. [...] sem falar em quase todos os filmes de Godard, manifestam uma independência diante das correntes ideológicas dominantes, criando e propondo uma visão de mundo inédita, própria de cada um deles, o que vigorosamente suscita uma nova tomada de consciência, de tal forma que as instituições ideológicas instauradas (partido políticos, Igrejas, etc.) entram em disputa e rejeitam tais obras, como se apenas essas instituições tivessem o direito de se expressar em nome de Deus, da nação ou do proletariado” (FERRO, 1992, p. 14).
Dessa maneira, a utilização do cinema para o ensino de
história tanto é relevante partindo das desconstruções de conteúdos
cinematográficos que fantasiam a história ou que têm o intuito de apagar
questões históricas –isto é, filmes que, muitas vezes, não têm compromisso com
a historiografia – como também constitui terreno para ilustrar o conteúdo e,
consequentemente, discutir outros olhares para o contexto histórico estudado em
sala de aula.Exemplo disso são os filmes que tentam reconstituir uma realidade
pretérita preservando a historicidade e a fidelidade aos aspectos e eventos
históricos do contexto representado. No caso do período medieval, o filme O Nome da Rosa, inspirado na obra homônima
de Umberto Eco (1980) e produzido em 1986 por Jean-Jacques
Annaud, é uma amostra de obras fílmicas que buscam trabalhar com a
historicidade e têm compromisso com a realidade histórica, constituindo uma
excelente ferramenta para auxiliar professores e alunos no processo de ensino e
aprendizagem da história, sobretudo no que diz respeito ao estudo/ensino do
Medievo.
A partir do cinema há, portanto, a possibilidade de
experimentação de um outro tempo que por vezes a apresentação dos fatos
históricos a partir da metodologia científica seria difícil de acessar. Vale
salientar que há vários gêneros discursivos (comédia, drama, aventura) em que a
obra cinematográfica está inserida, tornando necessário que o professor de
história apresente os pontos de vista da produção fílmica e os aspectos que
tomam forma de falseamento ou que se aproximam da verdade histórica, fazendo
com que o cinema se configure como um importante instrumento para fins
didáticos e privilegiando, sobremaneira, o processo de ensino-aprendizagem.
O ensino de história medieval
A
importância de estudar e, consequentemente, ensinar sobre aHistória do Medievo
consiste, entre outras coisas, em permitir ao aluno conhecer outras formas de
organização humana as quais precedem o presente, mas que, de alguma forma,
inspiraram e ainda inspiram o modo de viver das civilizações atuais. Sob esta
ótica, a partir do estudo desse período histórico é possível observar:
O que não significa dizer que devemos, enquanto professores de história, dar menos importância aos conteúdos que tratam desse período pura e simplesmente por pertencermos a sociedades americanas e não termos vivenciado a medievalidade tal como o europeu o fez. Pelo contrário, a formação histórico-social brasileira está diretamente vinculada ao passado medieval dos povos ibéricos, sobretudo dos portugueses, como também se vincula a eventos que têm sua origem na Idade Média, a exemplo da expansão marítima, a qual deu origem às grandes navegações modernas, e da literatura e arte medievais, que forneceram elementos para a Renascença e consequentemente originaram as nossas escolas literárias e artísticas. Nesse interesse,
Assim, o ensino de história medieval abre ao docente um leque de possibilidades de ensino, podendo ser abordado à luz da cultura, da religiosidade, da política, da arte, da economia etc. Segundo Vianna (2017), houve uma renovação metodológica importante nos idos da década de 1970, o que fez multiplicar os objetos de estudo, moldados a partir de então sob a égide da História Cultural, permitindo incorporar métodos e abordagens de outras áreas no campo da história.Há, portanto, uma multiplicidade de possibilidades para o ensino-aprendizagem da história medieval não somente no que diz respeito à seleção dos conteúdos e métodos, mas também acerca da periodização (ou periodizações). É importante sublinhar que não se trata de desconsiderar a cronologia tradicional da história, a que define a Medievalidade ocorrendo entre a queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476 d.C., e a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, mas que deve ser entendida como um marco temporal e não como uma barreira que impeça o aluno de enxergar a fluidez histórica.
Nessa direção, a história, se trabalhada a partir de uma multiplicidade temporal, permite-nos compreendê-la não como uma sucessão de acontecimentos estanque e engessada, mas, sobretudo, enquanto um conjunto de temporalidades plurais e diversas entre si, e que estabelecem uma inter-relação em maior ou menor grau, tornando possível entender que os “aspectos de um passado distante ainda se fazem presentes no presente, possibilitando, dessa forma, repensar o Ensino de História em suas mais diversas manifestações temporais” (VIANNA, 2017, p. 23). É possível notar, portanto, a presença maciça de elementos medievais nas sociedades que sucederam ao Medievo, como é o caso das edificações, assentadas no mundo feudal sobre o estilo gótico e assumindo um estilo semelhante nos séculos seguintes, o chamado neogótico. Tomando como exemplo o mosteiro medieval, que segundo Le Goff (1989) é como uma ilha, uma cidade santa, a qual congrega todos os elementos necessários ao trabalho do monge –um homem culto, hábil leitor e escritor –tendo ele à disposição no mosteiro sua biblioteca e sua oficina de cópia de manuscritos, em matéria didática podemos relacionar ao mosteiro as catedrais do Brasil oitocentista,edificadas ao estilo neogótico (VIANNA, 2017).Outro exemplo é a Igreja Católica, não apenas enquanto religião, mas as práticas culturais como um todo, os rituais, as festividades e a própria moral e os costumes são elementos que ilustram a presença de aspectos medievais na contemporaneidade, inclusive no contexto das Américas.
“[...] uma série de materializações, manifestações e representações sobre o Medievo transmitidas através de releituras e apropriações contextuais, muitas das quais estão presentes em nossa contemporaneidade. Tais ações são compreendidas quando identificamos diversas presenças de aspectos medievais em nosso cotidiano, como, por exemplo, as torres e o transepto de uma catedral; ou quando entramos em uma livraria e nos deparamos com obras literárias contemporâneas que retratam a vida de reis e rainhas do Medievo; ou então quando dirigimos nosso carro pelas ruas de uma cidade e nos deparamos com um outdoor anunciando a estreia de um filme ambientado no que chamamos de período medieval.” (VIANNA, 2017, p. 17).
O que não significa dizer que devemos, enquanto professores de história, dar menos importância aos conteúdos que tratam desse período pura e simplesmente por pertencermos a sociedades americanas e não termos vivenciado a medievalidade tal como o europeu o fez. Pelo contrário, a formação histórico-social brasileira está diretamente vinculada ao passado medieval dos povos ibéricos, sobretudo dos portugueses, como também se vincula a eventos que têm sua origem na Idade Média, a exemplo da expansão marítima, a qual deu origem às grandes navegações modernas, e da literatura e arte medievais, que forneceram elementos para a Renascença e consequentemente originaram as nossas escolas literárias e artísticas. Nesse interesse,
“estudar História Medieval é tão legítimo quanto optar por qualquer outro período. Mas não se deve, é claro, desprezar pedagogicamente a relação existente entre a realidade estudada e a realidade do estudante. Neste sentido, pode ser estimulante mostrar que, mesmo no Brasil, a Idade Média, de certa forma, continua viva” (FRANCO JÚNIOR, 2011 apud VIANNA, 2017, p. 24).
Assim, o ensino de história medieval abre ao docente um leque de possibilidades de ensino, podendo ser abordado à luz da cultura, da religiosidade, da política, da arte, da economia etc. Segundo Vianna (2017), houve uma renovação metodológica importante nos idos da década de 1970, o que fez multiplicar os objetos de estudo, moldados a partir de então sob a égide da História Cultural, permitindo incorporar métodos e abordagens de outras áreas no campo da história.Há, portanto, uma multiplicidade de possibilidades para o ensino-aprendizagem da história medieval não somente no que diz respeito à seleção dos conteúdos e métodos, mas também acerca da periodização (ou periodizações). É importante sublinhar que não se trata de desconsiderar a cronologia tradicional da história, a que define a Medievalidade ocorrendo entre a queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476 d.C., e a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, mas que deve ser entendida como um marco temporal e não como uma barreira que impeça o aluno de enxergar a fluidez histórica.
“É certo que as periodizações são um ato de produção histórica elaborado para identificar determinada contemporaneidade e para estabelecer parâmetros didáticos para facilitar o ensino, e o período histórico, consequentemente, é um produto deste ato. Ensinada e pesquisada a partir desta perspectiva, a História é vista como uma sucessão de períodos. Além disso, abordado a partir desta perspectiva, um período pré-estruturado tem a tendência a ser apresentado como um mundo fechado, sem conexões temporais com outros, o que promove uma dificuldade em se observar e destacar as continuidades entre determinados períodos, principalmente com a contemporaneidade. Assim, o ensino realizado a partir de um contexto com base em uma periodização histórica fechada e não dinâmica pode causar, no público ao qual é destinado o ensino, um estranhamento total com o mesmo” (SEGAL, 1991 apud VIANNA, 2017, p. 21-22).
Nessa direção, a história, se trabalhada a partir de uma multiplicidade temporal, permite-nos compreendê-la não como uma sucessão de acontecimentos estanque e engessada, mas, sobretudo, enquanto um conjunto de temporalidades plurais e diversas entre si, e que estabelecem uma inter-relação em maior ou menor grau, tornando possível entender que os “aspectos de um passado distante ainda se fazem presentes no presente, possibilitando, dessa forma, repensar o Ensino de História em suas mais diversas manifestações temporais” (VIANNA, 2017, p. 23). É possível notar, portanto, a presença maciça de elementos medievais nas sociedades que sucederam ao Medievo, como é o caso das edificações, assentadas no mundo feudal sobre o estilo gótico e assumindo um estilo semelhante nos séculos seguintes, o chamado neogótico. Tomando como exemplo o mosteiro medieval, que segundo Le Goff (1989) é como uma ilha, uma cidade santa, a qual congrega todos os elementos necessários ao trabalho do monge –um homem culto, hábil leitor e escritor –tendo ele à disposição no mosteiro sua biblioteca e sua oficina de cópia de manuscritos, em matéria didática podemos relacionar ao mosteiro as catedrais do Brasil oitocentista,edificadas ao estilo neogótico (VIANNA, 2017).Outro exemplo é a Igreja Católica, não apenas enquanto religião, mas as práticas culturais como um todo, os rituais, as festividades e a própria moral e os costumes são elementos que ilustram a presença de aspectos medievais na contemporaneidade, inclusive no contexto das Américas.
Essa
ação, se adotada em sala de aula, abre um sem-número de possibilidades de abordagem
aos conteúdos sobre o mundo medieval. No entanto, faz-se igualmente necessário ampliar
o corpus documental, tal como
preconiza a Escola dos Annales, tendo
o historiador/professor de história que se utilizar de novos métodos e
materiais disponíveis, sejam eles escritos, vestígios materiais, peças
artísticas e iconográficas, filmes etc. O caso do cinema, por exemplo, é de
grande valia nesse percurso, pois constitui um nobre recurso didático para
acessar o passado, permitindo ao discente visualizar de maneira lúdica e com
mais elementos os conteúdos estudados, e ao docente possibilita ilustrar a
partir de uma ferramenta importantíssima para o processo de ensino-aprendizagem
aquilo que foi trabalhado ao longo de suas aulas, alinhando a realidade do
aluno a sociedades e dilemas pretéritos por meio de um recurso tecnológico
muito presente no cotidiano dos jovens e pedagogicamente indispensável na
educação atual.
Este
artigo teve por objetivo trazer uma reflexão sobre o ensino de história – aqui
representando o período medieval (476-1453) – a partir do uso do cinema como
finalidade didática. Sendo o cinema um documento histórico, a sua aplicação possui
relevância tanto como objeto de crítica em relação às formas de representação
de um fato histórico, quanto como forma de acessar/representar o passado e
trazer à tona peculiaridades históricas,como o cotidiano de determinados povos,
sua cultura e visão de mundo, de maneira em que o discente tenha a possibilidade
de experienciar um evento histórico – sem deixar de lado as especificidades de
uma ficção. É, portanto,a imersão do espectador (aqui, o aluno) no filme, o que
lhe permite enxergar a história mais em sua historicidade e menos sob o olhar
do tempo presente, privilegiando, assim, o processo de aprendizagem histórica.
Referências
Fábio Alexandre da Silva é licenciado em história e mestrando em
educação pela Unioeste/Cascavel (2018-2019). Atua como docente desde 2014,
tendo ministrado aula nas disciplinas de História, Ensino Religioso, Sociologia,
Economia e Gestão.
Graziele Rodrigues é mestre em
Literatura Comparada pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana
(UNILA). Especialista em Geopolítica e
Relações Internacionais pela Rede de Educação Claretiano. Graduada em
Comunicação Social – Jornalismo pela União Educacional de Cascavel
(Univel-2015) e Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pelo Centro de
Ensino Superior de Maringá (Unicesumar-2010).
FERRO, Marc. Cinema e
história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FOUCAULT, Michel. Estética:literatura
e pintura, música e cinema.Ditos e escritos. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
LE GOFF, Jacques. O homem
medieval. 1. ed. Lisboa: Editorial Presença, 1989.
MARTIN, Marcel. A
Linguagem Cinematográfica. São Paulo: Ed. Brasiliense, 2000.
VIANNA, L. J. Do presente para o passado: uma reflexão sobre o
ensino de história medieval na contemporaneidade. Revista TEL, Irati, v. 8, n. 2, p. 16-31, jul./dez. 2017.
Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/tel/article/view/10896>.
Acesso em: 25 jan. 2019.
Parabéns pela pesquisa e contribuição! Compreendo o uso do cinema na sala de aula e sua devida importância. Pretendo usá-lo sempre para benefício em minhas aulas de História como recurso didático.
ResponderExcluirEntretanto, em casos em que a escola não dispunha de estrutura para a utilização do vídeo e som para o desenvolvimento da atividade ou aula prática, você consideraria possível utilizar o cinema de uma forma não convencional? Na medida em que o professor da educação pública por vezes precisa se "adaptar ao meio", de que maneira ele poderia ainda continuar a utilizar da fonte?
Atenciosamente,
Evellyn Cristielyn Teles Baars
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Evellyn! Obrigada pela pergunta. Realmente compreendo as precariedades da escola pública. Acredito que seja possível utilizar o cinema de forma não convencional sim, ainda que com várias limitações. Por exemplo, você pode imprimir críticas cinematográficas dos jornais ou resumos de filmes (de temática sobre história) e propor uma comparação da história no texto científico e da história como crítica de cinema (este exercício costuma ter bom resultado porque o aluno cria interesse em assistir o filme em casa). Também poderia pedir para que os alunos assistissem em casa e trouxessem uma resenha para debater em sala de aula (entendo que aqui se deve levar em consideração a possibilidade de acesso do aluno, se ele tem acesso à internet, celular, etc). Outra possibilidade é trabalhar com trechos de filmes que podem ser enviados pelo celular (mais uma vez, ver se os alunos têm acesso). Mais uma possibilidade é pesquisar obras literárias que viraram filmes e em sala de aula trabalhar com estes livros de maneira a mostrar que eles tem a possibilidade de consultar mais de uma linguagem de uma mesma narrativa que é a do cinema. É interessante ligar o texto escrito com as mídias, justamente para se aproximar ao universo do aluno. Espero ter ajudado!
ResponderExcluirAtenciosamente,
Graziele Rodrigues de Oliveira
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, Evellyn! Complementando a resposta da Graziele e tentando contribuir com o seu raciocínio, entendo de maneira semelhante a questão da utilização do cinema como recurso auxiliar e instrumento não convencional de aprendizagem.
ResponderExcluirPara além do que foi explanado, penso que há a possibilidade também de o professor levar seu próprio equipamento (projetor, celular, computador) para contribuir com a aprendizagem histórica escolar. Sei que não é tarefa fácil, sobretudo em tempos de desmanche da educação em âmbito nacional, porém é uma alternativa levando em consideração o contexto o qual estamos inseridos. Conheço escolas onde professores e equipe diretiva se uniram e compraram equipamentos multimídia por conta própria (com venda de rifas junto a comunidade escolar etc.).
Espero também ter contribuído.
Abraço,
Fábio Alexandre da Silva
Olá
ResponderExcluirTrazer meios que instiguem os alunos com conteúdos principalmente de História é fantástico! Fora o cinema que outras fontes o professor pode considerar para tornar a aula mais atrativa? Que esteja dentro da realidade da escola e dos alunos?
Att
José Gilberto Targino de Medeiros
Olá, José!
ExcluirNa área de história pode-se usar fontes/documentos escritos de ordem diversa (cartas, contratos, ofícios, revistas, jornais oriundos de arquivos públicos e hemerotecas), documentos imagéticos (quadros, pinturas, folhetins), documentos materiais (objetos como moedas de um determinado período, cartões, selos, instrumentos diversos etc.). As possibilidades são muitas e trabalhar essas fontes/documentos em sala de aula não apenas enriquece o processo de construção do conhecimento como também desperta muito o interesse dos alunos sobre o período estudado.
Espero ter contribuído.
Abraço,
Fábio Alexandre da Silva
Olá, primeiramente parabéns pela pesquisa.
ResponderExcluirUtilizar o cinema/filmes como recurso pedagógico é importante e agrega valor a aula. Mas , como eu posso tornar essa atividade uma experiência cognitiva significativa sem correr o risco de tornar a aula em uma "sessão pipoca" ou passar a ideia de que o professor está "matando aula"?.
Obrigada
Att,
Carla Eduarda Souza dos Santos
Olá, Carla!
ExcluirSua pergunta é muito pertinente e diz respeito diretamente ao contexto escolar.
Primeiramente se deve olhar para o tema/conteúdo da aula, se realmente é possível encontrar filmes que possam ilustrar e/ou agregar valor ao processo de ensino-aprendizagem. Com efeito, há temas que não encontramos filmes úteis à sala de aula, ao passo que também existem filmes que não são recomendáveis/aplicáveis ao contexto escolar justamente por não terem a proposta de despertar reflexão ou auxiliar no processo de apreensão do conhecimento (caso dos filmes comerciais de Hollywood).
Em resumo é preciso ter muito tato para a seleção do filme a ser trabalhado em sala de aula.
Esperamos ter contribuído.
Atenciosamente,
Fábio Alexandre da Silva e Graziele Rodrigues de Oliveira
Boa tarde! Parabéns, pela produção.
ResponderExcluirO cinema é um ótimo aliado para o ensino da História, porém, nem todos os filmes tratam dos fatos históricos com seriedade, isto é, respeitando a historiografia do fato representado, desse modo, como conscientizar os alunos desta problemática? Além do filme "O nome da Rosa", quais outros filmes vocês conhecem e sugerem para o ensino da idade média?
Ass. Ana Francisca de Lima Alves
Olá, Ana Lima! Muito obrigado pelo elogio.
ExcluirDe fato não são todos os filmes que auxiliam no processo de construção do conhecimento e ilustram determinado conteúdo visto em sala de aula. Para conscientizar os alunos, sugerimos apresentar dois modelos de filme a eles (pode-se editar algum(ns) trecho(s) para caber no tempo da aula): um que realmente produza sentido e agregue valor à aula (O Nome da Rosa é uma ótima sugestão para o contexto da Baixa Idade Média) e outro que não represente seriamente o período (os filmes comerciais de Hollywood, há vários). Assim o aluno poderá perceber as diferenças e construir autonomia na hora de assistir filmes sobre o período, além de ensejar e trazer um debate importante e atual para a aula.
Quanto aos exemplos de filme sobre o período, além de O Nome da Rosa sugiro Coração Valente (excelente adaptação da história de William Wallace para o cinema), Tristão e Isolda (também uma ótima obra fílmica sobre o cavaleiro medieval e o amor idealizado), As Brumas de Avalon (sobre a Saga Arturiana, traz aspectos relevantes da Inglaterra Medieval) e outros que eventualmente estão disponíveis na internet, mas possuem compromisso com a historiografia.
Esperamos ter contribuído.
Atenciosamente,
Fábio Alexandre da Silva e Graziele Rodrigues de Oliveira
Muito obrigada, pelo retorno e pelas sugestões!
ExcluirParabéns, novamente, pela produção! Abraços.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcho muito válido o uso do cinema como recurso didático pelo professor, principalmente na educação básica. Temos muitas produções cinematográficas que podem ser utilizadas. Visto que as aulas de história muitas vezes são reduzidas. Qual a forma mais correta de exibição desses filmes? Exibi-los completamente ou editado apenas com as principais cenas?
ResponderExcluirMárcio Douglas de Carvalho e Silva
Olá, Márcio! Agradecemos muito a sua contribuição.
ExcluirNão há uma fórmula matemática para aplicar filmes em sala. Vai depender muito do filme, do conteúdo da aula e da proposta de ensino do professor. Existe a possibilidade de editar o filme, sobretudo se ele for muito longo, e também é possível passar o filme completo (se ele couber no tempo de duração da aula) e abrir o debate acerca dele na aula seguinte.
Esperamos ter contribuído.
Att.,
Fábio Alexandre da Silva e Graziele Rodrigues de Oliveira
Olá
ResponderExcluirConsiderando que hoje em dia a forma como consumimos séries é bem próxima da maneira como filmes são consumidos, ou seja, através de plataformas de streaming (com alguns filmes, inclusive, sendo lançados exclusivamente por este meio) e que muitas séries possuem produções ambiciosas com orçamentos milionários típicos do universo cinematográfico hollywoodiano, vocês consideram que esta outra forma de produção audiovisual também possui o mesmo potencial que o cinema tradicional no ensino de história medieval (considerando as devidas diferenças na maneira como a narrativa é desenvolvida em cada mídia, é claro)?
Caso a resposta seja positiva, gostaria de aproveitar e também perguntar como vocês enxergam a possibilidade da utilização de uma série de fantasia como "Game of Thrones" que é fortemente influenciada pela história do período medieval. Se por um lado não é possível resgatar acontecimentos históricos no enredo da série, acredito que pode ser usada, por exemplo, para demonstrar como as relações políticas entre a nobreza em um mundo medieval podem se mostrar muita mais dinâmicas e contraditórias do que normalmente é imaginado. Outra possibilidade seria problematizar a forma como o povo é mostrado nos episódios, sempre subalterno aos soberanos ou sendo usado em jogos políticos entre nobres e líderes religiosos, praticamente não possuindo autonomia sobre a própria atuação, tanto nos feudos quanto nas cidades.
Rodrigo de Souza Costa
Olá, Rodrigo! Seus apontamentos são bastante pertinentes, obrigado.
ExcluirSobre as séries, cremos também que elas têm o mesmo potencial que o cinema no que se refere ao seu uso enquanto ferramenta auxiliar no processo de construção do conhecimento. Vai depender muito do tema/conteúdo da aula e, nesse caso, da série selecionada pelo docente.
Quanto a "Game of Thrones", desconhecemos seu roteiro/enredo, porém levando em consideração os aspectos mencionados, se trabalhada corretamente a sua historicidade é possível utilizá-la para abordar o período medieval sim.
Att.,
Fábio Alexandre da Silva e Graziele Rodrigues de Oliveira
Bom dia, Fábio e Graziele.
ResponderExcluirParabéns pelas reflexões apresentadas no trabalho. Sem dúvida alguma, elas reforçam a relevância do uso dos filmes como um recurso didático, desde que problematizado adequadamente.
Dentre as inúmeros opções deste tipo de mídia, muitas vezes os docentes tem dúvida sobre a escolha dos títulos e, a forma como desenvolver as atividades em sala de aula. Nesse sentido, vocês poderiam explicar a diferença entre um filme de época, e o de reconstituição histórica?
Mais uma vez, parabéns pelo excelente texto.
Obrigada,
Danielle da Costa
Olá, Danielle! Muito obrigado pela contribuição e elogios.
ExcluirAs dúvidas são parte do processo de escolha do filme a ser trabalhado no contexto escolar. Pode auxiliar muito nesse processo uma pesquisa prévia sobre os títulos e, claro, sempre levar em conta o conteúdo trabalhado em sala de aula e o perfil da turma (idade, série etc.).
Pensamos que um filme de época pode também fazer uma reconstituição ou reconstrução histórica, não necessariamente é preciso desagregar o termo em dois conceitos distintos. O que precisa ser levado em conta é a historicidade presente ou não na obra filmográfica. Não sendo puramente ficcional, tendo historicidade, isto é, compromisso com a história, e linguagem e classificação adequadas para a turma a ser trabalhado o filme, não há impedimento. Uma sugestão é priorizar filmes não comerciais (hollywoodianos) e dar preferência às produções mais reflexivas, transcritas da literatura para o cinema, como é o caso de O Nome da Rosa, excelente obra para reconstruir vários elementos históricos da Baixa Idade Média.
Esperamos ter contribuído.
Atenciosamente,
Fábio Alexandre da Silva e Graziele Rodrigues de Oliveira
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa tarde Fábio e Graziele,
ResponderExcluirGostei muito do trabalho de vocês! Acredito que o uso do cinema em sala de aula é uma ferramenta importantíssima para o aprendizado.
Minha dúvida é a respeito do uso de filmes para os alun@s mais jovens, em especial os do 6º ano. Tendo em vista que muitos filmes possuem classificação etária maior de 14 anos, o uso de desenhos animados teria algo a acrescentar ou seriam apenas uma forma de ilustrar sem agregar de fato algum conteúdo?
Mariane Godoy da Costa Leal Ferreira
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ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOlá, Mariane! Obrigado pela contribuição e elogios.
ExcluirSim, não temos dúvidas que o uso de desenho animado/animação é muito importante para auxiliar o aluno a construir seu conhecimento. Eu mesmo (Fábio) já trabalhei vídeos animados com alunos do 6º ano em aulas de História, é muito enobrecedor.
Esperamos ter contribuído.
Um abraço,
Fábio Alexandre da Silva e Graziele Rodrigues de Oliveira
Primeiramente parabéns pelo texto,
ResponderExcluirgostaria de saber se para trabalharmos com obras filmo gráficas seria necessário entrar primeiramente nos meandros da teoria do cinema, suas formas de produção, visões do diretor, contexto de produção do filme, ou seria apenas o filme pelo filme. Não tenho muita leitura sobre cinema e ensino de história, e gostaria de saber de vcs o que se tem de discussão do uso de cinema em sala de aula.
obrigada pela atenção.
Emanuela de Moraes Silva
Olá Manu! Obrigada pela contribuição. Levando em consideração que estamos inseridos numa "cultura da imagem", o conhecimento sobre a área do cinema passa a ser uma ferramenta relevante para o ensino-aprendizagem. Sim, é importante pesquisar sobre o filme, ver o contexto de produção, ano de produção, até porque o objetivo é utilizá-lo como ferramenta de aprendizagem, portanto, conectar a representação da "realidade" do filme com a sociedade e/ou tempo histórico se faz necessário. Conhecer mais esta linguagem pode aproximar o professor ao universo do aluno. Não acredito que estudar teorias do cinema, seja uma "obrigação" para quem não vai utilizá-lo enquanto pesquisa. O que sugiro é simples, assista filmes, desfrute-o enquanto arte, porém diversifique os gêneros, as estéticas, os períodos de lançamento, é possível conhecer muito de cinema, apenas assistindo. Com o passar do tempo terá mais repertório sobre a área, e perceberá as diferenças estéticas e modos de produção dos autores.
ExcluirEspero ter contribuído!
Graziele Rodrigues de Oliveira e Fábio Alexandre da Silva
Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirNo meu último estágio de observação, percebi que os alunos pediam muito filme, mas quando o professor passou, os alunos tiveram dificuldades de compreender como uma representação do passado. Nesse sentido, caberia fazer uma abordagem sobre cirnema antes? E quais as ferramentas que poderiam complementar a aula nesses casos?
Êmily Sthephane Rodrigues da Silva.
Oi, Emily!
ResponderExcluirComo você já apontou, é sim importante fazer tanto uma abordagem prévia sobre o filme quanto suscitar debates e comentar brevemente após sua exibição em sala, a fim de realizar a conexão entre o conteúdo trabalhado e a representação dele por meio da obra fílmica. Seria a abordagem prévia uma introdução da sua aula e o comentário/debate final o fechamento dela.
Como ferramentas complementares você pode se valer das críticas fimográficas (disponíveis em vários sítios da internet), artigos científicos que abordam o cinema e a educação escolar (há vários), utilizar também fotografias e cartazes do filme para ilustrar determinados aspectos que eventualmente queira enfatizar na aula e outros que julgar importante levar para a sala de aula.
Outro ponto de relevância nesse sentido é estudar o autor/cineasta/diretor do filme, dar uma lida sobre sua biografia pode elucidar muitos pontos/lacunas no que diz respeito ao entendimento do enredo/roteiro da obra.
Enfim, é preciso estudar razoavelmente bem um filme antes de levá-lo para o contexto escolar, afinal de contas, trata-se de um instrumento de ensino-aprendizagem tal como são os textos e as imagens.
Espero ter contribuído com suas dúvidas.
Atenciosamente,
Fábio Alexandre e Graziele Rodrigues